segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Crescendo

Crescer é olhar as lembranças, e perceber que toda aquela inocência se foi. Não ser mais uma folha em branco, e por isso, não se permitir certos rabiscos, pois já sabe que não ficam bonitos. Às vezes, não notamos nossas próprias mudanças. É preciso buscar, de forma consciente, as memórias, para perceber que já não somos os mesmos, e é impossível voltar a ser! Como proceder?
A falta de medo, o entregar-se completamente, a tal "falta de maturidade", é talvez a principal, e mais linda, marca de uma criança feliz. O sentimento de nostalgia que sentimos ao ler um texto velho, ou ao nos depararmos com uma foto antiga, causa um aperto no coração diferente de todos os outros. É uma dor tão fina, que chega a ser prazerosa, e ao mesmo tempo é saudosista. Afinal, por que ela existe? Por que nos incomoda? Por que faz bem? Porque são relatos concretos da passagem do tempo, da vivência de experiências que foram mágicas porque só ocorreram uma vez cada uma, e não há como ser diferente, independentemente da nossa vontade. Dói, mas também gera vida, pois nos mostra o quanto aprendemos e mudamos, e com isso nos tornamos mais sábios. Mas quem diabos é sábio o suficiente? A roda da vida talvez seja infinita. A ideia de uma evolução que chega à um estágio final, de perfeição, uma alma que não precisa mais encarnar, seria mero conto de fadas oriental? Segundo o ditado popular, "errar é humano". Seguiremos crescendo, e passando pelas diversas provas que nos moldam durante a vida, e erraremos nelas em algum momento. Cada decepção, gera mudança. Que forma prática de mudar, não?
Os bons adultos ainda se decepcionam, ainda se surpreendem, ainda vibram, choram, amam, brilham. Outros, são pedra. Não dançam, não sonham, não mudam de lugar. O que os fez diferentes? Sim, vários e vários aspectos. Quero focar em um deles: Capacidade de filosofar a vida. As crianças viajam sozinhas, se questionam sozinhas e respondem a elas mesmas. Tudo tem graça, porque tudo é novo. Quem não acha graça em nada, porque já viu de tudo, está completamente equivocado. Cada dia é novo, cada dia é algo que você não viu. Basta é claro, abrir os olhos para ver o que te instiga a duvidar e ser criança de novo.   
O crescimento ocorre com o passar do tempo, logo, sinto muito por informar-lhe que ninguém é criança para sempre, Peter Pan.

domingo, 18 de outubro de 2015

Duas Luas

Colonizei seu coração
Aos poucos descobri
Que lugar de tanta
Pureza é meu novo lar

Desbravei suas terras
Desvendei seus mistérios
Tudo porque sabia
Era o início da vida viver contigo

E se temes algo
Bobice menina
A vida cabe
Nas tuas mãos

O teu cabelo insinua
A tua liberdade
De sorrir e de correr
Completamente capaz

De espalhar todo amor
Que nasce em teus
Olhos de criança
Divina e curiosa

Envolve em tua dança
E não para de rodar
Pula, estica, alonga
Abraça enquanto ri

Namoro a tua lua
Ninguém vai entender
O que quero te dizer
Enquanto não olhar

No fundo dos olhos
Do quarto, da cama
No fundo das roupas
Do corpo, da pele
Nua


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Pura

Pura (Apura-me se puder)

Talvez tenhamos algo igual
Talvez teus sonhos se completem com os meus
Talvez possamos dividir uma vida
Agradável e tranquila

Deixe eu acolher suas dores
Compreender seus temores
Vamos nos tornar os dois lados
De uma mesma perspectiva

Sem expectativas
Apenas dois fantasmas
Flutuando pelo tempo
Atravessando cada momento
Correndo contra a maré
De dúvidas e sofrimentos

Eu corro contra o tempo
Sem arrependimentos
Não importa o que aconteça
Nunca é em vão

Tudo pelo simples prazer
De ver seus olhos brilharem
Me encantar com seu sorriso bobo
Causado por qualquer besteira
Que escapa da minha boca

Caminhando lado a lado
Vejo seus pequenos passos
Sinto a tranquilidade invadir
Cada detalhe que há em nós
E você não sabe o quanto é bom
Segurar sua mão

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Transcendente Conexão Sonora

Quando você ouve uma música, você se sente bem. Vocês se tornam amigos. Dependendo da música, é claro. Agora, quando você compreende uma música, você e ela estabelecem uma relação mais profunda, de amizade mais profunda, longa, sincera. E quando você entra na música, gera-se uma conexão entre os dois que só vai desligar quando a música cessar. Não existe mais mundo, não existe Terra. Só existe o som, e a interpretação do som. Entre ondas sonoras, a mente vaga por outra dimensão, sentindo cada detalhe imperceptível aos leigos. A música te invade. Não é algo que se deva tentar controlar, ou temer, apenas aproveitar da melhor forma possível. A doce melodia, a confusão regulada, a estridência de uma nota aguda, que vibra mais forte que turbilhão de pensamentos. A batida da bateria, o bumbo que não para de conduzir o andamento da viagem. Para os que não se aguentam de apenas escutar, há uma chance de se conectar ainda mais intensamente. Os músicos que já improvisaram com seu instrumento por cima da obra tão apreciada, são os únicos que conhecem esse trecho da estrada imaterial. É a forma mais rápida de transcender a vida por alguns minutos. Não há palavras que descrevam a energia que tal experiência possa trazer. Mas afinal, o que seria de nós sem a música? Obrigado a todos os artistas que seguiram seu caminho com esforço e dedicação, para nos servir de exemplo de que dentro de cada um, a essência da alma boa é transformada nas melhores viagens sonoras.   

domingo, 5 de abril de 2015

O restar da dúvida

Apague todas as luzes por favor. Que a dúvida se resolva agora por favor. No princípio da incerteza eu sei de tudo. No princípio do nada nós somos um. Quer queira ou não, a chuva cairá sempre ao fim do mês. Entre semanas de sete dias capitais, cometemos a falácia de desejar o amanhã. De voltar ao passado, prender-se ao que um dia nos era certo. De achar que possuímos algo, além da poeira do próprio corpo. Quem vai dizer o que é justo, se não o brilho do sol? Quem vai dizer o que é real, se não a ilusão dos sonhos? Quem vai dizer o que é normal, se não a paranoia de cada um? Quem vai ditar o que é belo, se não te conhecer? O que vai restar dos que duvidam, se não a fumaça de um cigarro?

domingo, 22 de março de 2015

O domingo

Só não venha me dizer
Que foi tudo ilusão
Não ouse duvidar
Das vozes em seu coração

Odeio fazer planos
Faço o tempo todo
Odeio ser refém do tempo
Corro o mais rápido que posso

Expectativa
É a minha pior criação
A que mais destrói
Pela menor razão

Passe tempo, por favor
Eu quero que chegue o amanhã
Só me restam algumas músicas
Para salvar o dia, enfim

Ouça aquele sussurro
Bem distante de nós dois
Está nos dizendo que
O destino é implacável

Diga que não vai
Diga que não vem mais
Diga adeus por mim
Diga a Deus que tenho saudade
Diga a Deus que foram bons dias

Assuma nossos erros
Os maiores fracassos
Aos poucos se tornam
As melhores lembranças

As folhas secas
Não caem mais
Ao redor
De nós



quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Eu nada

Eu não peso nada
Mal sei se estou aqui
Observando uma tela branca
E um chiar de conversa

Eu não ocupo espaço
Mantenho-me no mesmo lugar
A cada passo que não dou
E a cada palavra que desfaço

Eu não ouço nada
Que o vento não tenha dito
Antes de alguém mentir pra mim
Sobre como mentir bem

Eu não digo nada
Que alguém não tenha dito antes
Pensado como dantes
Inventado por gigantes

Eu não vejo nada
Que não esteja na televisão
A chegada do sétimo bilhão
Outro acidente de estrada

Eu não sinto nada
Que venha de fora
Que venha da rua
Da luz da Lua

Confesso
As vezes acho que não estou
As vezes sei que não quero
Saber mais nada





sábado, 3 de janeiro de 2015

Amor Próprio e Equilíbrio

O amor continua fazendo parte integral da vida de todo mundo, nas mais variadas formas possíveis. Talvez a mais importante delas seja o amor próprio. Sim, exatamente, o amor que você sente por si mesmo, pela sua própria vida. Egoísta? Quando passa dos limites, sim. Mas ter amor próprio é essencial, e é algo que só se adquire quando conseguimos ser e viver de forma verdadeiramente nossa.
Creio sinceramente que, todas as pessoas que já amaram, também já passaram do limite de quanto é saudável amar alguém. Quando não se tem experiência, e consequentemente não se tem controle, caímos de cabeça numa paixão qualquer. Isso é um problema, e bem grande por sinal. Quando passamos a gostar de alguém, e nossa felicidade depende disso, é porque já passamos do limite de quanto é saudável amar alguém. Quando isso acontece, nos tornamos chatos. Pessoas apaixonadas desesperadamente são incrivelmente grudentas, dependentes, e tiram a liberdade do outro. Ninguém se sente bem para conversar com alguém que não tem amor próprio. Posso dizer que já estive nos dois lados dessa moeda, e só assim pude perceber o quanto tudo precisa de equilíbrio.
Há um limite para amar as pessoas, e isso pode ser extremamente difícil de entender. É válido para todas as relações, não só as de namoro propriamente dito. Entre pais e filhos, entre amigos, sempre há um limite para manter o equilíbrio. Pais que amam demais os filhos, podem deixá-los mimados. E filhos que amam demais os pais, e demonstram isso obedecendo a tudo, deixam de viver suas aventuras. Todo o conflito é resolvido quando as duas partes entendem e conhecem o tamanho de sua liberdade.
Quando A gosta de B excessivamente, B sente-se pressionado por A, sente-se preso, e isso gera desconforto. Assim como A sente-se triste, por não sentir o amor de B da mesma forma, embora tudo possa ser apenas insegurança. Já me senti no lugar de A e de B, e os dois não eram nem um pouco bons. Poderia-se dizer que essa situação seria uma falta de respeito tanto com o próximo quanto consigo mesmo.
Falta de conversa e sentimentos trancados, vão criando uma relação apertada, até o momento que explode. Nós não nascemos sabendo amar. Não do jeito certo. E isso faz com que cometamos erros, e soframos, o que não impede que ao longo da vida aprendamos com eles. E esse é um dos maiores desafios que temos que resolver.
Bem sucedido é aquele que sabe ser feliz consigo mesmo, e sabe a medida certa e o limite de amar. Que não se deixa cair em desespero por amar demais, e que não é falso por amar de menos. Equilíbrio.