terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sou senhor de meu corpo
Dono de meus movimentos e ações
Não sou senhor de meu coração
Sentimentos não tem dono
Já estou

Não foi acaso
Acaso é tal poema
Quem reinou foi a Vontade
E subordinado foi o Destino
Já estou indo

A dúvida surge
Diante da nova oportunidade
O coração metido
Escolheu meu caminho
Já fui

Apenas ela

Sentada ali parada
De costas fitando o movimento
Dos carros e da fumaça
Que sobe e transforma
Deixa cinzento o que era azul
E provoca seu questionamento
Para onde eles vão?
Por que hoje ninguém é são?
A dúvida é em vão
Como serão os dias que virão?
Onde estão as horas que passaram?
Onde estão suas antigas certezas?
A vida é uma caixinha de surpresas

Consciente de si mesma
Sonhando com a paz
Elá está longe
Sua mente vaga livre
Seu corpo é uma lembrança
De que a vida ainda clama
Por esperança

Mas ela segue na sua dança
Balança os pés ao vento
Incendeia seus cabelos
Olhar distante que não se alcança
Estilhaça meu coração
E liberta minha paixão sagaz

Flying Away

O meu destino é por acaso
Me proteja o tempo todo
Pois sempre estou distraído

Hoje
Nada importa
Hoje
Vou me desligar de tudo

Hoje
Quem se importa?
Hoje
Vou abandonar o mundo

Eu só quero voar pra bem longe
Atravessar a linha do horizonte
Ver o sol se pôr ao meu lado
Enquanto sonho acordado

Um dia pra olhar as estrelas
Observar a melodia do mar
Respirar o ar puro do campo
E amar de vez em quando

Um dia pra não fazer nada
Sentir o cheiro da madruga
Um remédio que cura do tédio
É uma risada sem mistério












segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Nunca se esqueça

Vem, vamos embora
Que esperar não é viver
Quem sabe um dia eu diga
Sempre há o que fazer

Vem, vamos lembrar
Do que ainda nos faz bem
Viajar até o fundo da alma
E recuperar o que é nosso
A nossa integridade
A nossa essência
Seja feita minha vontade
De viver feliz,
Como quem não sente
Medo de cair por nada
E quer sorrir novamente
Acordar contente
Sem saber por quê
Quando, onde, ou por quem

Decolar rumo a qualquer lugar
Só pra ver
O olho brilhar

Olhar pra trás e lembrar
Que as boas histórias
Sempre acabam bem

E que quem quer ser historiador
Sempre pode ir
Ao infinito e além

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Uma tarde qualquer

A campainha tocou.
-E aí, quanto tempo.
-O tempo necessário.
-Você não mudou nada.
-Nem você.
-Não esperava que tivesse mudado.
-Claro que não, do contrário não estaria batendo à minha porta.
A conversa fluía bem, como de costume. Alguns anos de amizade levam a um conhecimento mútuo magnífico certas vezes. Jogando conversa fora, trocando ideias, chegaram no assunto ao qual todas as boas conversas levam.
-Não vou mais me permitir ser magoado por qualquer garota.
-Como assim?
-Simples assim, não há nada que você possa dizer que vá me magoar.
Ela pensou, durante um desprezível período de tempo e disse:
-Eu não gosto de você.
Ele:
-Eu sei que gosta.
Ele foi beijá-la, mas ela se esquivou.
-Eu não quero te beijar.
-Sei.
-É sério.
Então ele agarrou-a e colocou os pés dela ao redor de sua cintura e a segurou firme, contra a parede, chegando bem perto de seu rosto
-O que está fazendo?
-Tem certeza?
-Tenho. Me solta, eu não quero te beijar.
Nesse momento ele ponderou, não sabendo ao certo o que fazer. Lembrou de outras experiências e outras conversas, outros momentos, e por mais indeciso que realmente estivesse, não demonstrou. Passada uma fração de segundo, disse:
-Eu não acredito
E beijou-a. Ela retribuiu, com muito desejo. Estava feliz. Sentia-se transparente, nua, pois sabia que ele a entendia, a conhecia e não era possível nem necessário esconder nada.
E foi uma das melhores escolhas que ele já tomou na vida. Em meio aos beijos, ela disse:
-Que bom que não acredita.
Quando perceberam que o dia já estava escurecendo, ela disse:
-Eu não queria. - Estava envergonhada, boba, decifrada.
-É claro que não. - Irônico.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Um grito de dor, um banho de mar

A vida dá sempre as mesmas voltas, apenas de maneiras diferentes. O impacto causado é sempre o mesmo, hora estamos normais, então acontece algo que nos eleva, e depois algo que nos derruba. E o ciclo se repete, incontáveis vezes, durante a vida toda. Não há como parar. Ou será que há?
O fato é que somos feitos de bobo o tempo todo, a vida está sempre nos surpreendendo. Isso torna impossível acharmos que sabemos de algo, pois tudo muda o tempo todo, e o mais legal (não é tão legal) é que é sempre quando a gente menos espera.
Nossas escolhas são feitas em cima das escolhas que a vida fez para nós. E é uma tarefa difícil suportar algumas delas, descobrir um jeito de se manter feliz, de conseguir continuar com a cabeça erguida. É um drama que não acaba até nós deixarmos de existir fisicamente.
Há pessoas que se dizem felizes por completo, mas eu não creio que alguém possa realmente não sentir nenhuma angústia, ou que consiga suportar tudo, porque os altos e baixos que a vida nos leva são levados a todos, talvez apenas em escalas diferentes. Quem pode-se dizer mais feliz, em meio a isso, é quem compreende, ou tenta compreender, a tal da vida. É quem consegue passar pelos momentos ruins lembrando que é assim mesmo, e que de tudo pode-se tirar uma lição.
Que bom seria ser totalmente desinteressado, incapaz de pensar e se sentir confuso. Só que não.
Não se mede felicidade, mas parece que são dois tipos diferentes. A felicidade de quem não está nem aí para nada, e a felicidade busca entender mais. Na visão do primeiro tipo, é uma busca inútil. Indiferente dos resultados, a vida vai continuar sendo do jeito que é. Pois é, fazer o que?
É algo interno, ninguém ensinou, a curiosidade é inata. Poderia dizer que, se tem algo que é comum a todos os seres humanos, de qualquer lugar do mundo, é isso. Em pequena ou grande medida, todos temos uma faísca de interesse sobre nossas origens, nosso objetivo, e nosso destino. Alguns negam isso, pois decidiram negar, e realmente conseguem, na grande maioria do tempo, mas essas perguntas não deixam de existir em algum lugar da mente da pessoa.
Altos e baixos. Como dizem, se não for assim, você não está vivo. Fujo de tédio, procuro ser feliz, traço algumas metas, alcanço algumas, outras não. Consigo o que quero, depois perco. As vezes nem perco, apenas mudo de ideia. É tudo sempre igual, mas diferente. Boa sorte a quem está vivo, que aproveite como puder, que viva verdadeiramente.