segunda-feira, 26 de março de 2018

O quarto e a janela (A rua e o escuro)

Ah,
Como é bom
O brilho da noite
As luzes da cidade
O gosto do cigarro
A música certa
Lembranças
Saudades
Nostalgias
Do que não aconteceu

(Lá em casa)

Eu quase não quis nada
No escuro o muro se arma
Essa tua mania
De não querer nos definir
Pode acabar
Nos deixando imensos

Me deixa te ver
Sei que já passou do tempo
Há muita vida lá fora
É som de mar, eu reparei

Aos ares, observa
Quantos andares
Preserva-te quando andares,
Olhares

(Quem é ela?)

O que você tem?
De onde você é?
Pode me esquecer
Se você quiser
Ou se deixar chover
Se você vier

Eu vou te acompanhar
De fitas
Te ajudo a decorar
Os dias

(Te empresto minha neblina)

Vamos nos espalhar sem linhas
Ver o mundo girar de cima
Mas tudo bem
O dia vai raiar
Pra gente se inventar
De novo

Se eu for contar
O que aconteceu
Ninguém acredita
O tempo é curto
Mas a gente improvisa

Nem sei
Dessa gente toda
Dessa pressa tanta
Desses dias cheios

(E o céu, engarrafado)

Aproveita agora
Esquece tudo e sai
Aproveita agora
Respira o ar de fora
Conheça sua cidade
E a vontade vai embora

(Na frente do mar
Eu vi que te fez sorrir)

Veja como o tempo voa
Demora pra aterrisar
Sem graça
Eu me vejo aqui
Pela janela
Ver você partir
Mas no fundo
Eu te dou razão

Hoje
Não tem boca pra se beijar
Não tem alma pra se lavar
Não tem vida pra se viver
É o céu
Da boca do inferno
Esperando você

Você não sabe
Quantas horas
Eu passei olhando pra você

Fala pra ele
Que ele é um sonho bom
Que mudou o tom
Da tua vida

(Na estação do acaso,
Eu encontrei o meu bem)

Fala pra ele
Do disco do Tom Jobim
Do seu apelido e de mim
E chora

Ah,
Se tu soubesse
Como machuca
Não amaria mais ninguém

Ando só
Pois só eu sei
Aonde ir
Por onde andei

Ando só
Pois só eu sei andar
Sem saber até quando

Deixa pra depois
O que já não precisa esperar
E tudo que não deu pra consertar
Por culpa do depois

(E o que que a gente faz,
Daquela angústia?)

E se um dia precisar
De alguém pra desabar
Eu to por aí

A gente sempre deixa de cuidar
Do que já tem na mão
Mas é sem querer
É sempre sem querer

(Era perfeita simetria)

Anoiteceu,
Em Porto Alegre
E o invisível
Nos salta aos olhos

Ontem a noite
Eu conheci uma guria
Já era tarde
Era quase dia
Ela apareceu
Parecia tão sozinha
Parecia que era minha
Aquela solidão

Ontem a noite
Eu conheci uma guria
Que eu já conhecia
De outros carnavais
Com outras fantasias

Vou pintar um lugar
Mais bonito
Pra fazer meu festival
(Quando o carnaval passar)

Não peça perdão
A culpa não é sua
Não perca a razão
Ela já não é sua

(O mar não ensina, insinua)

Estamos no mesmo barco
Sob a mesma lua
O barco ainda flutua
Ao sabor do acaso
Apesar dos pesares
Ao sabor do acaso
Flutua

Ao saber das correntes
Tão fortes quanto o elo mais fraco
Ao sabor das correntes
Sob a mesma lua

Âncora, vela
Qual me leva?
Qual me prende?
Mapas e bússolas
Sorte e acaso
(Quem sabe do que depende?)

Entre o real
E o abstrato
Entre a loucura
E a lucidez
Entre o uniforme
E a nudez
Entre a solidão
E a cidade

Não quero ser
O que eu não sou
(Eu não sou maior que o mar)
Não quero ter
O que eu não tenho
(Eu não tenho medo de errar)

Há tanto tempo
Há tantos planos
Mas eu nunca sei
Pra onde vamos

(O dia alaranjou)

E ela faz melhorar,
Tudo que há
E me levou até
Tudo que é

Entra pra ver
Mas tira o sapato pra entrar
Cuidado que eu mudei de lugar
Algumas certezas
Pra não te magoar

Que a chuva caia
Como uma luva
Um dilúvio um delírio
Que a chuva traga
(Alívio imediato)

Que a noite caia
De repente, caia
Tão demente quanto um raio
Que a noite traga
(Alívio imediato)

Como tudo deve ser
Com as balizas
Do nosso sistema
Um belo sonho
Veio então despertar
Minha vontade
Tudo vale a pena
Pra te reencontrar
Me livrei de tudo aquilo
E consegui mudar
Tudo que foi feito
Em troca de uma amizade

O medo nos leva a tudo
Sobretudo à fantasia
Então erguemos muros
Que nos dão a garantia
De que morreremos cheios
De uma vida tão vazia

(E nada nos protege
De uma vida sem sentido)

Foi quando te encontrei
Ouvindo o som e olhando o mar
Foi quando te encontrei
Ouvindo o som do mar rolar

(É sexta feira, amor)

A verdade anda só
No meio da rua
Não devia ser mas é
Tudo continua igual

A cidade no redor
A menina nua
A cabeça assimilando
Tudo continua
Desmoronando

(Um dia breve
No cimento)

Observados por dragões ferozes
Lutamos pra sobreviver
Caminho no meio da multidão
Eu me sinto a vontade
Pois partilhamos noites
Ruas e sonhos
Como se fôssemos iguais
Pois, me faz tocar o céu
Ver você sorrir
Vem lua, vem
Vem dançar pra mim

É, talvez
A sua imaginação
Esteja tão limitada
Por problemas reais

(As canções de amor,
Inventam o amor)

Já nem me lembro
Como era no começo
Quando sabia tudo
O que me esperava
E parecia
Que aquela vida
Era mais uma viagem
Hoje restamos só poeira espacial

(No labirinto místico
Onde os grafites gritam)

Os bares estão cheios
De almas tão vazias
A ganância vibra
A vaidade excita
Devolva minha vida
E morra afogada
Em seu próprio mar de féu
Aqui ninguém vai pro céu

(Não precisa morrer pra ver Deus)

quarta-feira, 22 de março de 2017

Enough

Why
Silence
Mind
Love,
I love you
Where is the courage?
The old guts?
I'm hurt,
I'm fine
Motivation
For what?
Just memories
Remains
Of a good time
Turn back
Make sense
Create
Simplicity
Restoration
Vazio
Asleep
Fall
Inside
Charade
Chaos
The gaze
Grace
Disease
No meaning
Numb
Art?
Can't make
Anymore
Done
Sheets
Dreams
Weak
Stuck
Inside
Escuridão
Your smile
Music
Barulho
Fotos
Desenhos
Conversas
Saudades
Alívio
Tears
Stars
Loneliness
Unfair
Sins
Forgiveness
Karma
Cycle
Spiral out
Up
Sky
Heavy
Earth
Eyes 
Struggling
Lie
Fly
Die
Again
Reborn
Restart
Sun
Same
Moon
Fall
Shine
Depression
Chaos
Suicide
Life
Secrets
Friends
Night
Long
Time
Slow
Down
Peace
Please
Disconect
Sleep
Beauty
Hers
World
Universe
Thoughts
Conection
Heart beats
Brainstorm
Opposites
Halfs
Wholes
Dual
Sound
Soul
Change
Choice
Reflection
Evolução
Tédio
Ego
Ciência
Grito
Path
Skin
Hair
Teeth
Body
Rests
Rotina
Maestria
Mais
Poesia
Terapia
Bad
Goodnight


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Crescendo

Crescer é olhar as lembranças, e perceber que toda aquela inocência se foi. Não ser mais uma folha em branco, e por isso, não se permitir certos rabiscos, pois já sabe que não ficam bonitos. Às vezes, não notamos nossas próprias mudanças. É preciso buscar, de forma consciente, as memórias, para perceber que já não somos os mesmos, e é impossível voltar a ser! Como proceder?
A falta de medo, o entregar-se completamente, a tal "falta de maturidade", é talvez a principal, e mais linda, marca de uma criança feliz. O sentimento de nostalgia que sentimos ao ler um texto velho, ou ao nos depararmos com uma foto antiga, causa um aperto no coração diferente de todos os outros. É uma dor tão fina, que chega a ser prazerosa, e ao mesmo tempo é saudosista. Afinal, por que ela existe? Por que nos incomoda? Por que faz bem? Porque são relatos concretos da passagem do tempo, da vivência de experiências que foram mágicas porque só ocorreram uma vez cada uma, e não há como ser diferente, independentemente da nossa vontade. Dói, mas também gera vida, pois nos mostra o quanto aprendemos e mudamos, e com isso nos tornamos mais sábios. Mas quem diabos é sábio o suficiente? A roda da vida talvez seja infinita. A ideia de uma evolução que chega à um estágio final, de perfeição, uma alma que não precisa mais encarnar, seria mero conto de fadas oriental? Segundo o ditado popular, "errar é humano". Seguiremos crescendo, e passando pelas diversas provas que nos moldam durante a vida, e erraremos nelas em algum momento. Cada decepção, gera mudança. Que forma prática de mudar, não?
Os bons adultos ainda se decepcionam, ainda se surpreendem, ainda vibram, choram, amam, brilham. Outros, são pedra. Não dançam, não sonham, não mudam de lugar. O que os fez diferentes? Sim, vários e vários aspectos. Quero focar em um deles: Capacidade de filosofar a vida. As crianças viajam sozinhas, se questionam sozinhas e respondem a elas mesmas. Tudo tem graça, porque tudo é novo. Quem não acha graça em nada, porque já viu de tudo, está completamente equivocado. Cada dia é novo, cada dia é algo que você não viu. Basta é claro, abrir os olhos para ver o que te instiga a duvidar e ser criança de novo.   
O crescimento ocorre com o passar do tempo, logo, sinto muito por informar-lhe que ninguém é criança para sempre, Peter Pan.

domingo, 18 de outubro de 2015

Duas Luas

Colonizei seu coração
Aos poucos descobri
Que lugar de tanta
Pureza é meu novo lar

Desbravei suas terras
Desvendei seus mistérios
Tudo porque sabia
Era o início da vida viver contigo

E se temes algo
Bobice menina
A vida cabe
Nas tuas mãos

O teu cabelo insinua
A tua liberdade
De sorrir e de correr
Completamente capaz

De espalhar todo amor
Que nasce em teus
Olhos de criança
Divina e curiosa

Envolve em tua dança
E não para de rodar
Pula, estica, alonga
Abraça enquanto ri

Namoro a tua lua
Ninguém vai entender
O que quero te dizer
Enquanto não olhar

No fundo dos olhos
Do quarto, da cama
No fundo das roupas
Do corpo, da pele
Nua


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Pura

Pura (Apura-me se puder)

Talvez tenhamos algo igual
Talvez teus sonhos se completem com os meus
Talvez possamos dividir uma vida
Agradável e tranquila

Deixe eu acolher suas dores
Compreender seus temores
Vamos nos tornar os dois lados
De uma mesma perspectiva

Sem expectativas
Apenas dois fantasmas
Flutuando pelo tempo
Atravessando cada momento
Correndo contra a maré
De dúvidas e sofrimentos

Eu corro contra o tempo
Sem arrependimentos
Não importa o que aconteça
Nunca é em vão

Tudo pelo simples prazer
De ver seus olhos brilharem
Me encantar com seu sorriso bobo
Causado por qualquer besteira
Que escapa da minha boca

Caminhando lado a lado
Vejo seus pequenos passos
Sinto a tranquilidade invadir
Cada detalhe que há em nós
E você não sabe o quanto é bom
Segurar sua mão

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Transcendente Conexão Sonora

Quando você ouve uma música, você se sente bem. Vocês se tornam amigos. Dependendo da música, é claro. Agora, quando você compreende uma música, você e ela estabelecem uma relação mais profunda, de amizade mais profunda, longa, sincera. E quando você entra na música, gera-se uma conexão entre os dois que só vai desligar quando a música cessar. Não existe mais mundo, não existe Terra. Só existe o som, e a interpretação do som. Entre ondas sonoras, a mente vaga por outra dimensão, sentindo cada detalhe imperceptível aos leigos. A música te invade. Não é algo que se deva tentar controlar, ou temer, apenas aproveitar da melhor forma possível. A doce melodia, a confusão regulada, a estridência de uma nota aguda, que vibra mais forte que turbilhão de pensamentos. A batida da bateria, o bumbo que não para de conduzir o andamento da viagem. Para os que não se aguentam de apenas escutar, há uma chance de se conectar ainda mais intensamente. Os músicos que já improvisaram com seu instrumento por cima da obra tão apreciada, são os únicos que conhecem esse trecho da estrada imaterial. É a forma mais rápida de transcender a vida por alguns minutos. Não há palavras que descrevam a energia que tal experiência possa trazer. Mas afinal, o que seria de nós sem a música? Obrigado a todos os artistas que seguiram seu caminho com esforço e dedicação, para nos servir de exemplo de que dentro de cada um, a essência da alma boa é transformada nas melhores viagens sonoras.   

domingo, 5 de abril de 2015

O restar da dúvida

Apague todas as luzes por favor. Que a dúvida se resolva agora por favor. No princípio da incerteza eu sei de tudo. No princípio do nada nós somos um. Quer queira ou não, a chuva cairá sempre ao fim do mês. Entre semanas de sete dias capitais, cometemos a falácia de desejar o amanhã. De voltar ao passado, prender-se ao que um dia nos era certo. De achar que possuímos algo, além da poeira do próprio corpo. Quem vai dizer o que é justo, se não o brilho do sol? Quem vai dizer o que é real, se não a ilusão dos sonhos? Quem vai dizer o que é normal, se não a paranoia de cada um? Quem vai ditar o que é belo, se não te conhecer? O que vai restar dos que duvidam, se não a fumaça de um cigarro?